sábado, 21 de março de 2009

Semana passada ela esteve aqui. Estava quase igual. Trazia nas mãos uma velha carta que falava de um forasteiro, cerejas e coisas sem fim. Ela estava quase igual, exceto pelo fato que parecia pela primeira vez sentir medo. Me olhou com olhos fundos. Olhos de quem quer algum tipo de consolo mas que sabe que não pode ser assim tão a mostra. Ela então inventa um assunto e me pede uma xícara de chá. Eu digo, vamos, sente. Ela passa as mãos nos joelhos e finalmente as pousa na mesa. Um colher de açúcar. Desde quando bebe café? Da última vez ainda era muito nova para o café. Eu então bebo o seu chá. Desde quando tinha esse sorriso vazio no rosto? Ela então desata a falar qualquer bobagem e eu me distraio ouvindo a música de fundo que já quase não existe nela. É só um sopro, me parece. Talvez invente um ritmo, quem sabe, para ela dançar no muro...

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