sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Se há graça em ser Deus-super-homem frente ao espelho
eu não sei
e nunca saberei, metamorfose que me inventa...
Mas se há vida
que deixe a lágrima me explicar sua ternura tão disforme.
Eu até vejo graça quando você diz que sabe tudo.
Eu também sei tudo de mim... as vezes só não sei contar.
Ai eu busco um ouvido para minha boca não se sentir esquisita falando sozinha.
É de música?



Era feito de uma matéria indecifrável que as vezes vai e vem na contra mão. O cérebro demora a entender que a mão direita vai para um lado e a esquerda vai para outro... naquela música no piano e naquele dedilhado no violão. Se fizerem o mesmo movimento, nesse caso, não tem música, não tem dança, não tem nada.

Expediente

-Comprei uma dúzia de lingeries novas!

A amiga ouve atentamente.

- Você sabe... a gente tem que diversificar. Mulher gosta de doses diária de carinho... Homens gostam de uma boa dose de sexo.

Na cabeça da amiga:

Uma boa dose de sexo para um homem.... Primeira imagem: Peitos de frente. Uma boa bunda passando e finalmente... um belo par de pernas se abrindo. Não muito espaço para lingeries. Dose... Um copo de whisky?
Abre o google: Vagina. Devia aparecer a opção depilação. Cláudia Ohana e seu nu selvagem? Hippie ou moicana?

Segue a outra empolgada.

- Porque um dia a gente pode perceber que ele toma sopa de um jeito que incomoda... Mas a gente só percerbe isso... ah me escute bem... a gente só percebe isso se não sai para comprar lingerie ...
- Comprei uma dúzia de lingeries novas!


A amiga ouve atentamente.


- Anos de casamento, você sabe... a gente tem que diversificar. Mulher gosta de doses diária de carinho... Homens gostam de um bom sexo.


Abre a tela da cabeça da amiga:


Um bom sexo. Primeira imagem: Um belo par de pernas se abrindo. Não muito espaço para lingeries.


Segue a outra empolgada.


- Porque um dia a gente percebe

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Deixa-me ver seus dedos. Não me entregue os gravetos, Maria ... sei que estás bem alimentada e saiba que essa é sua sorte.
E se te ofertam a floresta para afastar o mal ... talvez voce seja mesmo uma bela oferenda.
Mas antes da fuga, me diga, Maria, quer mesmo ser sempre um pouco de paz nos planos dos outros?
Estranha


É tamanha.
Tanta trapaça.
É tramóia.
Tu és tacanha.
Cê tá estranha
Quando me traça
Cê fica estranha
Quando me ama.
É tamanha
Tanta trapaça
É tocaia se você chama
É tamanha tanta trapaça
E você nunca diz
E você nunca passa.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Virar anônima lhe permitirá amar, disse o sábio.O casamento por amor só é possivel no anonimato e vazio do capitalismo.E o casamento por amor tras coisas muito interessantes... por exemplo, o divórcio. Entrou na multidão de gente que corria para lugar nenhum...saindo da vila o plano era correr, sair do vilarejo-família-tradição-Maria-sapato-José-ferreiro-casamento- arranjado-do-tempo-de-sua-tataratataravó. Correr para ter pressa de chegar. Correr pra parecer muito ocupado, sempre muito ocupado. Correr para correr mais e mais e mais. Chega. Corre. Correr pra ganhar algum dinheiro. Para comprar sapatos novos e correr. Para comprar um carro e ir a 200 quilometros por hora. E correr... para morrer de acidente e ser enterrado, um enterro importante. Foram muitos quilometros. Momento em que todos paravam suas pressas. Olhavam para o corpo e se lamentavam do tempo em que nao estavam juntos, parados e se tendo.Mas dentre tantos rostos com pressa que não tinham nome, só tinha pressa... logo o apego se dissolvia. Agora não é mais liberdade e felicidade. É velocidade. Vrummmmm. Ronco do motor. Velocidade e descarte.O anonimato finalmente entrou pelo seu sangue e se estampou na testa:Anonima.-Identidade. Entregou o rg.-Bem, senhora anonima, me siga.Era a guarda do amor que o sábio lhe havia prometido. Um senhor de farda azul, bigode branco e olhos... não olhou nos olhos.Eram todos extremamente iguais naquela cidade-prisão. Mas não parecia. E esses cabelo de tantos cortes? E esses sorrisos dos mais distintos cremes dentais? E essas roupas? São tantos grupos... tantas tribos...Iguais? Como? Impossivel. Olhe mais de perto. Lhe concederam a garganta.Ouvidos cresceram das paredes,brotoram do chão e vinheram voando também.GRITOU: CONSUMISMO!!!!!! Salve o consumismo!! Amor agora se vende no supermercado!Aplausos.Todos olharam. Recolheram os aplausos. Um a um, camera lenta e voltando a fita. Cada aplauso foi guardado num bolso do paletó.O amor está morto! Não vê? O amor está morto! Os outros nem ouviram. Mas aplaudiram.Salve-se se puder.O poder... chegou a vez do poder. Já que o amor está morto... Pode-se tudo!! O poder é a coisa mais maravilhosa que se pode ter. Mas vem com a escolha. E a escolha é solitária. Só se é rainha na solidão da escolha.Mataram o amor, coitado. Não precisamos escolher mais nada. Cada escolha é uma renuncia de amor. E sem escolha não tem poder. E sem poder não tem rainha. Não tem mais nada e por tras disso tudo um grande nada cheio de cifrões. Tiro na cabeça. Caiu morto no chão. Apaixonada a anonima enterrou o corpo de acidente. Moribundo no mundo dos anonimos, virou mais um,mais ainda.E nesse momento achou um nome...chamou de cólera, matou a todos em um sopro. Em nome do pai e da patria? Nunca em nome do filho ou dos outros humanos? Sem apego na liquidez do dinheiro e das relaçoes humanas.Ressusitaram depois. Em corpo. Sem alma. Sem pressa. Sem nada. Ainda assim...Em algum lugar nascia o amor.

Para Dra Elcia (Rs! Quérida... lembrei que tinha uma gata quando era pequena!)

Tinha uma gata
chamada Estrelinha.
Leite da lata,
na taça,
de raça.
Minha gata
me tinha.

Da dor que não senti fiz um tratado

Na pressa, calma, lenta, fiz meu protesto

Na festa, escura, densa, fiz minha dança

Da garganta fechada e cheia, meu mundo derrama

Palavra – entranha

Da dor que não senti fiz um tratado



Na pressa, calma, lenta, fiz meu protesto



Na festa, escura, densa, fiz minha dança



Da garganta fechada e cheia, meu mundo derrama



Palavra – entranha

Um tiro de arma evoca o inverso atento
Prometeu o peito enquanto escorria a lágrima
Desfeito o tempo a mágoa apavora
se distancia para caberem novas palavras.
Na casa aberta minha boca devora o vento
Instinto ingrato de um pássaro a caminho
Segue as estações mundo afora
E se tem pés que toque barros conhecidos
Saído do ninho...
Guardo toda vista para dentro.
Tire os dedos
Mostre latente
Sua superficie
Tire as letras
Escancare, apresente
Sua raiva profunda
Tire a suavidade
E mate corajoso
Sua mentira
Tire cada lembrança
Jure solenemente
Suas desculpas
Mas nunca tire seus olhosdos meus.
Gente dormindo abraçada em baixo da ponte as duas da tarde. Se a cidade tivesse vergonha e o escuro da noite tranquila fosse seguro para o sono e o sono fosse dormido no aconchego de camas e lençois. Se a fome não desesperasse o corpo, o desligando, fazendo dormir depois do almoço que não teve. Se o banho fosse garantido e o cheiro nao ficasse grudado, acustumado nos colchoes de farrapos e na roupa velha dos outros. Se tivesse casa com parede. Se tivesse prato com comida. Se tivesse trabalho. Se tivesse pressa as duas da tarde. Se tivesse qualquer coisa.
Mas surpreendentemente ainda tinham amor suficiente para dormirem juntos e abraçados e ainda podiam ensinar a vida para uma pessoa que os descobre, descrente do amor as duas da tarde.
E para onde iríamos então? Para uma casa "Ethos", suponho. Onde fica? Ampla. Morada de habitar o mundo. E cada ser humano que nasce deve aprender a viver nessa casa. Mas ela é maior que a própria vida e estadia. E se aprende como? Ainda há o comportamento alheio, contrario, automático e sem medida, que a desconstrói, ou destrói, ou esconde, ou distrai, ou expulsa. De quem depende cada tijolo e jardim? No olhar que sumiu e mudou enxerga a casa de retorno do filho pródigo? Resgatar uma última canção escondida e abrir o dia cantando fariam surgir caminhos em baixo dos pés que levariam ao lar ? Ou um resquício de solidão compartilhada, depois do amor, os corpos mansos, seria abrigo suficiente um abraço? Onde ficou a casa...Ethos... onde ficou a casa? Onde resolveu brincar de solidão sofisticada e ficou preso no escuro? Como brincar de dissolver, de perder o limite, de tornar-se sem contorno, sem, porém, perder a continuidade, brincar de loucura só por um segundo para sentir o mar...onde todos cabem? Onde mundos se misturam numa boca imensa que come e fala e lambe e grita e cala e sorri? A vida de temperança acerta na pimenta e no açúcar. É centro. Onde? Aquela casa Ethos é pesada... Uma roupa no corpo, um silencio no peito, uma memória falha, que treme, teme e acaba. Uma ética que nasce da casa onde mora. Atitude sem crença sincera sucumbe. A consequência de sua vida nem sempre é a resposta que procura. Sofrimento não é mero mecanismo psíquico. Nos colocamos no lugar de coisas e o golpe derruba nossas casas.
Toque

Essas linhas são o mapa do mundo, seu destino?
Essa pele é o toque macio de cada carinho?
Esses dedos entram por minhas pernas e eu me deixo...
Abre a palma e eu deposito o beijo
Aponta o caminho, o culpado, o desejo
Segura bem firme, enquanto eu despejo
Agarra a cintura e espanta meu medo
Essas suas mãos

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Glauber atendeu a porta e voltou cheio de botões de rosa na mão. Entregou um para cada mocinha daquela mesa, com o seu sorriso inconfundível.


Ficamos todas encantadas.


Essas gentilizas que alegram...


Eis que me deparo hoje no miolo do Caderno Dez com a foto do próprio Glauber.


Essas surpresas do acaso que alegram ainda mais que botões sutis de rosa .


Heitor sempre tinha um café na mão, um cigarro na outra, uma barba bem grande escondendo um olhar desses bem sinceros, verdadeiros.


Conheci Heitor no Vieira e ele, junto com Leo e Tick, foi o responsável pela banda que mais me surpreendeu em toda a vida. Dorothy.


Foi o melhor amigo-acolhedor de uma pessoa muito querida para e por isso frequentei sua casa, comi os quitutes deliciosos que sempre eram servidos por Dona Cida...


Eis que o nome de Heitor também aparecia nas páginas do Dez.


E por fim.... Tadeu Mascarenhas. Ele gravou o cd da Flauer e ganhou um fã clube. Existe, acreditem, um mundo bom! Fica atrás do portão do estudio de Tadeu no Rio Vermelho (que já nem sei se é lá... bem... acontecerá sempre onde ele, sua esposa, filhas e cachorros estiverem!)




A gente planta um filho...
escreve uma árvore...
tem um livro todinho de parto normal...
Vai...
Mesmo que seja tudo ao avesso
só me diz que não é impossível
que ainda vale a promessa
me permite aquele eterno
dos segundos em que tudo é
passageiro.

Feira

Trouxe um pepino imenso da feira. Fazer-la pensar que era um tipo de Deus, duplamente bem dotado. Acreditaria em tudo que ele dizia... mesmo que as vezes ficasse horrorizada... contanto que lhe falasse bem perto do ouvido... sempre acreditava.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

eis que nossas queridas bruxas se reencontram.



Eram duas bruxas e conversavam:



- Querida amiga Bruxa! Depois de te comprovar na pele que se mata com doçura... venho lhe fazer um novo desafio! Mas te asseguro que esse também é certo e comprovado. É que nem gato preto passando por entre nossas pernas... é uma sensação tão contraditória.... mas descobri os limites do ódio e amor e te garanto que .... bem... antes mesmo de te contar.... Acreditarás em mim e me entregará o que te peço para saber esse grande segredo ou sucumbirás a curiosidade de arriscar mais uma vez e arrebentar o nariz?



- Você e suas loucuras... você e suas sandices... você e suas ideias... Sossega! Sossega, oh bruxa! Não aposto um centavo... você nem disse... mas eu acredito.



- Pois assim não tem graça!


Ela parecia uma índia, embora fosse mais européia. De pai e mãe, a mãe era a mistura brasileira e o pai era um bom vinho do porto, legítimo e vindo de navio.

Nasceu uma flor! Vem ver, vem ver! Nasceu uma flor amarela!
Era ela! Era ela!
No dia que amanheceu na sala branca e já não sabia do peso da liberdade ou do ônus de por fim ao fim... naquele dia... nasceu uma flor amarela.
A flor ainda não se sabia tanto quando ela. Ninguém a explicou que fora dama das mais belas. Ninguém a explicou a homenagem. Ninguém lhe tirou o peso do ombro... mas ela dançou suave enfeitada de amor.
Veste a capa de chuva.
Vem andar lenta nos pingos.
Já faz graça esse casamento de viúva.
Já é fácil entender esse seu ritmo...
É sol e chuva...
É quando nascem os arco-iris.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A saga Emilhistica em busca de um esporte bacana

RA RA RIOT

Dira me apresentou essa banda semana passada. É muito boa! Indico a todos!
E no bom e velho youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=f9SKprgjH5k

Eles tem um clima muito bom! E musicalmente me lembra um tanto de coisa boa que eu gosto!