segunda-feira, 1 de junho de 2009

na porta daquela casa
de parede azul
de janelas laranjas
nasceu um pé
de amor-sincero
não se sabe quem plantou
quem regou
quem viu crescer...
mas está ali
não se pode negar
não seria capaz de escrever algo tão doce
algo tão bonito
como os seus versos tolos...
talvez só a nossa história.
se a gente escrevesse junto...
talvez ela e apenas ela...
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
(Alberto Caeiro)

Virar homem

O pequeno menino lobo, meu querido peter pan...
Como vai você?
Te vejo sempre quando ainda tenho sono... e você parece tão desperto... ali, na primeira fila, ali, atento.
Mas eu te vejo e demoro de te reconhecer...
Onde você foi morar? Mudança... Sei como é morar na mudança...
Cortou os cabelos, escolheu bonitos óculos, roupas que cobrem bem o corpo, escondem qualquer indicio...
Onde anda você, menino?
Onde é que você mora agora?
Ali dentro... quando eu te escuto...só quando você sai de dentro de você. Só quando você canta e mesmo assim... até sua canção mudou.
Você me diz:
Escolhi ser homem.
Mas tu é mesmo e sempre foi, querido, um homem de família...
seu rosto
o que aconteceu?
foi o tempo
envelheci
como antes, as vezes
muitos anos em um só momento.
em um só lamento
lembra?
eu me perdi uma vez
e ainda não descobri como chegar lá
seu corpo ia se amoldando
parecia até que derretia
era bom
o sol apareceu
chove só de pirraça.
sem promessas.
sem apego.
sem conversas.
sem seu beijo.
com a força do desejo.
com a falta de quem existe.
segue o dia
vence o vento.

O interior do meu avô

- Trás um requeijão
- E uma goiabada
- Trás um bolo de rolo
- Trás uma marmelada
- Não tem essas coisas lá não...
- E tem o que?
- Só lembro mesmo da cereja e dos morangos. Mas deve ter algum doce. Eu trago o que tiver.
- Onde é mesmo que você vai? E fica onde?
- Pro interior do meu avô..

Ainda tá longe, longe...
ele me pergunta apreensivo:
- E você vai comer o que lá Milinha?
- Eu aprendi a fazer caldo galego vô.
- E tem tortilha de batatas.
- Vô, voce lembra daquela vez que me disse o quanto era mais fácil rir do que chorar?
- Lembro não, filha, lembro não. Mas lembro que voce gritava na roda gigante: Medo não existe! Medo não existe! Era tão pequeninha... com aquele cabelo de ninho de moribundo... E eu tremendo de medo segurando sua mãozinha.
Almoço

(lembrar de escrever)
Não.
Esse não é meu plano.
Sem acordo por enquanto.
Até o dia que o único acordo será um acorde.

Acorde...
Divago seu nome
é estranho
não sei explicar
mas faz graça na boca
faz graça só de pensar.
Escolha

És colha

Ser Colher

Escolher

É inevitável... um ser é um não ser.

O que você faz você colhe...

Seja o que for... seja com amor.
junho

levanto mais um folhinha.