terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Uma certa nostalgia
e um movimento de cabeça
Se render ao fim de tarde
Em todos lugares existem
homens e caminhos
Caminhos inventando homens
Homens caminhando volta para casa
Homens as vezes inventando novos caminhos
Caminhos refazendo velhos homens

Foto-poema

Quem te segue?

Foto-poema




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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mombojó

(Na tv)

Mombojó não significa nada. Fizemos uma ampla pesquisa e não há nada como esse nome. Queriamos inventar um nome que quando você pensasse lembrasse do nosso som e de mais nada. (Foi mais ou menos isso que ele disse...)

Saborosa sensaçao...

Indico. Uma das melhores bandas brasileiras atuais.

O cego e o soho

O céu era de um azul estranho que contrastava com os prédios. No meio um prédio muito mais azul que o céu. O azul do céu era quase cinza, mas ainda era azul. Ele não via nada com os olhos, mas sabia que o céu dali já não era tão limpo. Respirava. Estava vivo, muito vivo. Veio de metro. Os seus "olhos" tocavam e decifravam o chão para imaginar e pressentir os caminhos. Caminhos inventados, seguia na sua ginga, no seu passo, no seu tempo. Seguia sons, ventos, passo lento, passo rápido, podia correr de olhos vendados, de olhos abertos, sem olhos, ele podia ir onde quisesse e isso era sua certeza.
O azul do céu para ela hoje era uma missão. Veio a pé, morava na esquina. Não o conhecia.
Era preto, preto, preto. Ela era amarela, amarela, amarela. O céu era azul, azul, azul. A frente do prédio era um arco-íris.
Ela o reconheceu da foto da internet. Ele a esperava quieto, mas não alheio ao movimento.
Ela se apresentou, e ofereceu-lhe o braço. Ele se apresentou e a aceitou como guia. Ainda não tinha muita intimidade com o novo jeito de andar. Não queria ser apressada, não queria ser lenta demais. Queria apenas que ele desse o ritmo. Queria apenas seguir o ritmo que ele desse.
A primeira coisa que ele pediu para ver foi o céu.
Subiram o elevador até o terceiro andar. São muitas nuvens, ela disse. Estão brincando? Ele indagou curioso. Estão! Ela respondeu. De que? Ele perguntou. De roda. De ciranda. De passar o tempo, de querer se jogar em nós, de virar chuva... mas ainda hesitam. Ainda guardam cada gota para criar imagens. Vê ali... é um elefante imenso! Elas brincam... Ele, satisfeito, disse: Gosto de sonhar nuvens. Gosto de imagina-las brancas, singelas, cheias de vento... Gosto de imagina-las soprando e dançando no céu...como me contam. Mas gosto mesmo é quando eles caem... eu sempre sei quando elas estão no céu... mas quando me encharcam... ai sei que elas me conhecem, que querem ser de mim parte, sei que me amam. E quando viram agua viram espelho e no reflexo são tantas histórias quanto elefantes imensos! Tomara que ainda hoje parem de hesitar.
Na varanda a vista era ampla. Além do céu havia uma cidade. Se no céu tinham tantas nuvens e talvez anjos... Na cidade tinham muitos prédios e talvez gente... Ele ficou filosofando como era difícil crer que tanta gente habitava uma só cidade. Gente suficiente para se espalhar no mundo... E ficam todos aqui... grudados... somos como nuvem que não quer chover! Se a gente chovesse... a gente se amava mais. Imagine... a gente ficava juntinho, juntinho... grudado. Ai a gente caia e escorria, em outra textura e entao evaporava e era soprado para aqui e acolá... a gente conhecia o mundo se chovesse! Mas fica tão grudado, tão grudado e preso a isso tudo que a gente mesmo cria... que no fim... quando a gente chove já passou tanto da hora que é enchente.
Tocou com os dedos o que ela lhe mostrava. Essa é a frente do prédio. E com o que parece se vista de longe? De perto é bonito... mas vejo que talvez tenha uma forma imensa! Ela respondeu que era verdade, mas que todos os pedaços eram iguais. Que ele podia somar cada forma e teria a imagem completa do que ela o mostrava. Ele pediu que ela visse para ele. E ela descreveu o que antes não tinha conseguido ver... o que fugia a soma das partes... o que era invisível... Ela fechou os olhos e viu o gelado do dia, viu a suavidade das formas, viu a vibração do metal, viu a textura e decidiram... são como peixinho em um imenso cardume.
Entraram na sala e ele perguntou se lhe incomodava que sentassem um pouco. Era um sofá vermelho, extremamente confortável. Ela foi descrevendo a sala e o guiando para o sofá. Ele sentou e abriu um sorriso de satisfação... Essas minhas pernas velhas!
Tem uma moça que nos olha com olhos de devorar gente. Ele riu, riu alto. E completou: Um dia nos escreve com mãos de inventar.
Seguiram pelos andares do museu. Ela ia descrevendo cada peça. Ele podia toca-las. Só eles... Ela fechava um olho, ele fechava uma mão. Eram assim, juntos, uma visão única, de olho e mão. Imensa. E por isso ele e ela contavam cada obra de arte em uma narração cheia de sutilezas. Ele conhecia cada corredor dali, mas cada acompanhante o mostrava um novo museu. O museu dela era verde. Era do seu amarelo com o azul do prédio. Ele gostava do verde que não era esperança de esperar.
Ela nunca mais estaria ali. Ele nunca mais a veria... nem mesmo passando na rua.
Se despediram com um sorriso.
Choveu, muitas pessoas voltaram para casa e ele teve certeza que ela não mais hesitava. Se sentiram amados.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Ano novo

Bem vindo!

(Em breve novas postagens)