quinta-feira, 30 de abril de 2009

Paz de sorriso


Pai de


Mão de carinho


Mãe de
Setetó
A regra é clara.

Ao meu companheiro de montanha russa

Se despencarem as ilusões, todas, uma a uma...
Se tudo que disseram parecer frágil, muito frágil, quase pó
Se tudo parecer ao avesso, se tudo parecer desconserto
Se for desonesto, se for mentira
Se o herói virar bandido
E a mocinha se perder...
Se tudo isso acontecer...
Se for assim como te digo...
Me dá um pouquinho do seu abrigo
Que eu faço o mesmo
E a gente segue junto
Porque você, só você
é capaz de me fazer ver
Só você sabe o que eu estou sentindo.

Mas eu te digo,
Como te diria há 22 anos,
ou como eu dizia até antes de aprender a falar...
E como eu te digo hoje e te direi sempre
A gente segue junto
E você é o elo mais forte que eu tenho
Você é o maior e mais bonito
Você e só você
sabe o que eu estou sentindo...

Mas tenha calma...
A vida é de surpresas
A vida não é linha reta
A linha não quer ser prevista
Ela se inventa
Abre os braços que a descida maior chegou...
Dá frio na barriga...
mas a gente segue junto para depois rir de tudo.

Novela

No próximo capítulo eu vou desligar a tv, eu vou ligar para você...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sexo, subjetividade e cultura

E do que mais a vida trata?!

(de tanta, tanta, tanta coisa!)

terça-feira, 28 de abril de 2009

O gigante
O gigante




tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum
tum pá tum tum pá
Para você faria uma dedicatória como Saramago
Como essa última que li
E te diria
sem pensar
e sem me arrepender nunca e nem depois.
Em que país?
Onde eu te busco?
Ficou preso onde?
Cabia na mala, não cabia?
Excesso de passagens...
Eu vejo você falar o que está ouvindo
Isso me dá um aperto
Me faz lembrar o quanto era atenta ao que voce dizia
Mas como não fazia sentido naqueles dias...
Aquelas coisas de sofrer...
porque era tudo
simples
e simplesmente
bom
Tudo que eu sempre me convencia
que o que você me dizia era mentira
A vida era sempre e apenas ...
Mas experiencia é mesmo correr perigo.
Geraldo Azevedo na vitrola.
Acredita?
Alice me mostra tanta coisa boa!
Vai para onde você quiser... a vida já está branda nesse seu peito? A vida nunca escorre de você, menina. Fazer de mim cartas amassadas...uma lembrança angustiada, abafada... fazer de nós uma desculpa para todos seus erros... não faz da vida um passo em falso... Não serve mais...Amor de verdade teima, né? Amor de verdade não existe e só? Se você acreditasse nisso não me faria sentir que é tão bom querer, desejar e depois faltar... Você me olha e diz que só existe uma chance para o amor... Amor não é romance de prateleira...é daqueles que corre na mão de tantos mas um para e olha... vê datado, vê as linhas e sonha. A gente escolhe ou é escolhido pelo livro?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Abriu a bolsa.
As armas todas na mesa.
Só vou abrir o coração se você me pedir, olhava, amolando a faca.
Só vou....

Abriu a caixa
As cartas na mesa
Só te entrego o jogo se você me pedir, olhava, embaralhando.
Só vou...

Abriu o boca
As palavras sempre prudentes
Só te digo a verdade se você me pedir, olhava, dor de garganta
Só vou...

Abriu os olhos
Ali não tinha controle
O coração aberto, o jogo acabado e a verdade explicita

Não vou.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Baleia - Sofá
Chou chou - Almofada
Guapa - Cama
Bono - Cadeira
Vidinha - Mesa

Animal é coisa?

Moda

Moda
Eu prefiro a nudez.

Moda II

Moda.
Tem até seu charme
Quando vira arte.
Meu barquinho de isopor
Flutua na cidade encharcada
Eu pego o pano de chão
e espremo no balde
Agua, tanta agua
São Pedro fazendo faxina...
O muro cai
Meu avô diz
Que sortudo vocês são
Eu não entendo nada...
Mas tem coisa que só se entende
quando a chuva passa.

Bula de remédio

Estamos mais interessados:
na doença
nos efeitos colaterais
na cura
ou em passar o tempo?
Ora, ora
nobre poeta
te ver deitado de barriga para cima
me faz cócegas
de ver recitando na beira da escada
me faz bem.
O passado é permanente?
Como ser?
O passado é nada além do que for dito agora
O passado é apenas como você se sente.
Piscina azul, corpo imerso
Fazendo a agua tremer na boca
Poça de água
Cidade de açúcar
Tranquilize-se
O passado passa de repente.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Isso é coisa que o vento inventa!
Isso é coisa que o vento leva!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Paralelas
Me abraça
Uma mulher que seja devota
que sinta correr e amar pelos dedos
Que saiba do mundo ouvir os apelos
Que salve a todos
Mas antes a si
Uma mulher que seja devota apenas
Mulher essa que no encontro com o espelho, porém,
Apenas respeita a necessidade de dosar o sim.

domingo, 19 de abril de 2009

Tá.
Então tá, então.
Tá?
Então tá, então?
Tá...
Tá... Então tá, então...

Jawbreaker

Os sons se misturavam com a cidade

1929

Hans Specht
tinha um imenso bigode em 1929
Grande mesmo
Enorme
A pele lisa
O cabelo curto,
uma boina preta
Gravata
Terno
Olhando ao longe
Imaginava assim ainda olhar
em 2009?
Hans Specht
Hans
Specht
Foi descoberto em uma caixa
Dentro de um livro de Munch
Datado de 1983
Os anos são moinhos
E a vida se repete
1983
Uma jovem de 20 anos,
tenta reproduzir o retrato
Hoje
O retrato me olha da escrivaninha
Eu me divirto imaginando o que Erna
pensava daquele bigode...
O quarto dos fundos, da parte de cima da casa. Há tanto fechado. Cheiro de solvente. Porque ela gostava tanto de pintar ali se tinha uma varanda enorme inteira e mais outra, proa de navio para ver estrelas...
É como se sua parte sincera, aquela que misturava a tinta e fazia cores, aquela que queria simplesmente despejar, bonita ou feia, deixar fluir, parir os sentimentos todos em borrões... Aquela que não se preocupava com os sermãos, com o dizer repreensivo dos olhos... Aquela que era ela, talvez... Só existia naquele quarto pequeno, escuro, empoeirado... Assim para nossos olhos. Não para os dela. Via naquele quartinho talvez o seu porão, a sua possibilidade... talvez não conseguisse expandir demais. Talvez para transbordar tinha que se sentir contida. Tinha que se sentir ?
Porque voce não vai para a varanda? Está tossindo tanto. Esse lugar é abafado. Muda para o quarto com janelas, então.
Nunca parou de pintar. Só não era muito boa quando retocavam seus quadros ou quando tentava repetir modelos. Quando se deixava produzia arte. Para cada um de seu sangue, como se prevesse, deixou uma tela antes de fechar o quarto.

Acho a chave. Penso sinceramente em entrar e lembrar como é pintar. Mas a minha alma é de varandas...

sábado, 18 de abril de 2009

Tem gosto de abril!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

As tangerinas voltaram as sinaleiras.


Imagino ser um bom presságio.
As tangerinas voltaram as sinaleiras.
Imagino ser um bom presságio.
A sala é grande e aberta. Chão de madeira. Poderia, perfeitamente, ser um tablado para seus rodopios. Era muito pouco utilizada. Lembro de minha avó deitada no sofá amarelo próximo a janela de persianas brancas uma semana antes de morrer. Queria aprender a dançar, queria aprender a pintar, queria aprender eternamente. Fazia tanta coisa de retalho. A maior e única herança que quis de fato receber foi uma blusa toda colorida, toda de fuxico, que ela colocou um laço azul bem forte para ajustar. Cada fuxico daquele, o que guarda? O que ela pensou ao passar cada linha? As pessoas morrem e a gente inventa tanta coisa... talvez para se sentir mais vivo, não sei... talvez por amor. Deitada, não lembro onde estavam as mãos, suponho que repousando sob os fartos seios, travesseiro de neto, eu brincava, ou sobre a face evitando que a luz incomodasse seus olhos que era irremediavelmente azuis. Lembro quando ganhou um imenso bouquet de rosas e a fotografei nesse mesmo sofá. No dia achei que nenhuma foto tinha ficado boa... Hoje admiro o retrato. Ela não precisa virar um mistério para mim. Amava minha avó. Primeiro como uma criança ama uma mãe. Depois como um aprendiz ama uma professora. Você sempre escolhe o caminho mais difícil, filha. Eu ria e tentava entender. Ela era católica. Mas era mesmo muito próxima da natureza. O perdão, oferecer a outra face... aprendi com ela. A imagem que as filhas tem de minha avó parece tão frágil, tão submissa... não é a imagem que eu tenho dela. Morreu de repente. Eu admito que não achava que ela morreria tão cedo. Leucemia. Auto-imune. Talvez minhas tias e minha mãe tenham razão sobre a dor de minha . Guardar tanto... o sangue confunde. Tinha paz nesse sangue branco? Me contou uma vez que caiu no meio da rua. Eu nunca acreditava e me zangava quando ela dizia que ia morrer. O olho roxo. Aquela imagem última dela. Como soa infantil. A minha avó morreu feia, ferida. Isso me incomodou profundamente. A morte deixou de ser romântica. Deixou de ser a morte sutil, jovem, quase encorajadora.

Mas continuou sendo parte da vida.

Queria terminar o livro e deitei no sofá amarelo. O céu está cinza, o dia abafado. Vai chover. Faltam trinta páginas. Porque o autor guardou o melhor para o final? A vida me viveu. Odeio esse discurso. As vezes o cometo. Aprendi com minha mãe. Ela aprendeu com minha avó? A vida das resignações. Dos sacrifícios. Da mansidão.

Durmo profundamente no sofá. Estou dormindo mais do que o normal. Estou triste mas não tanto quanto minha na semana anterior a sua morte. Eu não vou morrer semana que vem e não tenho medo de morrer. Nem medo de não viver. Nem de envelhecer. Tenho medo, só e temporariamente, de ficar de cabeça para baixo. Minha mãe levanta a pele do rosto. Deve ter uns 35 anos. Se olha frente ao espelho e anseia pela juventude. Tem tanta juventude. Quase não tem rugas aos 46. Não é mais como aquela armação de óculos, como aquele vestido preto das velhas de Portocamba ... mas ficou míope.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Boa viagem

Você não teve medo de se afogar? Pular sozinho naquela piscina... tão escuro. Lanterna debaixo da agua. Tá... eu finjo que acredito. Os pulmões nascem colados e a gente chora quando descola. Quanto tempo você consegue ficar debaixo da agua? Sempre fiquei mais tempo que voce, eu acho... Brincar na piscina imensa de ir e voltar sem respirar... até que iamos longe. Respira fundo, vai... eu sei que não é fácil entender... mas a gente não é parte nessa travessia... Nos encontramos em qualquer lavoura espanhola, quem sabe? A vontade de devolver tudo isso... e dizer que o que vale, o que vale mesmo... talvez não tenham sido eles os únicos professores... Acredite em mim... são só pessoas... mas é difícil mesmo deixar cair.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Lou Salomé foi amor de quem
Saudade é nome de cidade...
Melancolia é uma de suas esquina
mais movimentadas
e desejo um beco escuro
que se bem habitado é beco de festa
No país dos sem pátria
perdeu o uniforme...
Para onde ir, casa sozinha:
Perdeu a possibilidade de tocar as fotos
Perdeu a intimidade de não ser encontrado
Prevê uma chuva
Dorme em paz,
em sonhos silenciosos
Aliviado com a possibilidade de ficar sozinho
Sente o corpo inundando para fora.

Me permita falar de mim

Corpo
Estica, estica, estica,
contrai, relaxa.
Dói onde?
Dói onde você mais precisa...
Dói o joelho, doí a parte de trás da perna,
dói o peito.
Você abre bem o peito...
Tem dificuldade de colocar o rabinho entre as pernas
E de ficar de cabeça para baixo...
De cabeça para baixo...

É como uma catapora
Aquele remédio roxo
Eu gostava da bacia com aquele cheiro étereo
A pressão ocilava mas eu sempre acordada....
Bater o cotovelo na porta
Eu corria até a cama
Pálida, colocava a cabeça entre as pernas, para baixo.
Nunca consegui dar estrelinha
Não tenho muita consciencia corporal
E inconsciencia corporal?
Maior talvez...
Derrubo tudo.
Volta ao mundo
Medo de ficar de cabeça para baixo?
Medo não existe.
Imagino como será parir,
acho que deve ser a sensação de fazer a maior Ioga da vida
Um, dois
Mocotó largo

Eu forço o pescoço
a tireóide sente?
A tireóide explode?
Borboleta no meio da garganta
é uma gravata ou é um indicio de nó, ou de desejo?
A borboleta e o japones
Eu nunca mais fiz os exames
Eles estavam se acustumando mais um com o outro
Auto-imune
Nao cheguei a ter medo de morrer
Mas de perder o controle
Tem um pincel de colorir mundo?
Passa no meu nariz.
Melancolia é o nome da boca do meu violão

A estilista tem o nome da minha irmã
Eu abro o sorriso inteiro
Ela é minha também
O tanto quanto eu sou dela
E isso me deixa feliz
O corpo
O corpo
O corpo
O corpo
O corpo
O corpo lhe dá uma leve impressão?
Impressão do que?
Impressão de continuidade.
O corpo acaba?
Quem nos liga ao mundo?
Ora, ora...
O mundo respira o mesmo ar que eu!
O mundo bebe a mesma água que eu!
O mundo come, come, come, come
banquete.
O corpo cresce.
Que pedaço do mundo é só seu?
O que você habita é também o que você divide.
Você cresce, pequeno zigoto.
Você cresce, cresce, cresce,
árvore de mil galhos, de dois braços
O outro entra no seu corpo.
E você deixa
E você deita
E você goza
E você levanta e você olha
Outro corpo, nu na cama
O espaço do prazer é do mundo
Somos todos juntos
Gozemos nossa estranha condição de sermos interligados
Você conhece o mundo inteiro...
Salve, salve a hora de ser

Carta II

Querida,





É preciso muita paz para escrever essas linhas e isso só possivel depois do distanciamento quase involuntario que nos propusemos. Ouvi rumores que você vem no verão e permita decepciona-la mas fiquei deveras preocupado com essa possibilidade.

As cerejas continuam doces. Mas, talvez, não tenha mais espaço na casa.

Deve se perguntar se estou falando sério ou se a senilidade passou dos meus cabelos brancos... Admito que minhas articulações também doem e as ladeiras não são mais fáceis para mim. Subir ao cruzeiro é quase um suplicio... sorte de Cristo que morreu jovem...

Mas como não ter mais espaço... voce pergunta... e a promessa de vir quando quisesse? E são anos que não respira ar puro e

terça-feira, 14 de abril de 2009

Contexto

Os olhos dela se acenderam. Desviaram, mas eram clarão. Os olhos dela abriam um caminho imenso e o destino era um abismo no qual teria coragem te bater asas. É que quando abro a boca são milhares de borboletas. Mas quando sinto as pernas elas estão quase soterrando em L'Aquila, abreviando o chão de tremores, vendo em cima um universo de terra. Ela achou que não iria. E agora o que fazer com as mãos? E fora do contexto, o que fazer com a realidade que não se encontra?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Carlos, meu bem.

Preciso de poesia
Umidecer lenços com versos
E aplica-los sob a testa
Preciso de grandes doses
Doses imensas de sonho
Auto medicar-me com palavras

Forte febre

Preciso de poesia
Umidecer lenços com versos
E aplica-los sob a testa
Preciso de grandes doses
Doses imensas de sonho
Auto medicar-me com imagens
Palvras-doutoras, me digam
Como acabar com esse frio na barriga
Com esse suar das mãos
Com esse não reconhecer-se repentino
Com esse estado quase frívolo
Com esse incendiar do coração.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Faça bons sonhos

Em francês eles sabem que a fábrica de sonhos é nossa.
E quando eu sonho - desejos - saltam em filme
Se escondem, se mostram, fantasiam.
Quando os olhos fecham
O mundo é mais fluído, denso-leve
É agua ... que é símbolo do inconsciente
Que completa frase
Que permite
Que sente
Encendiou os lábios
Fogo
Cruz credo
É mesmo pecado ter uma boca assim
Valha-me nossa senhora
De onde veio essa menina?
De onde tirou coragem
para tanto vermelho?


Da transexualidade e do erro essencial sobre a pessoa

Só se engana quem quer.

Da transexualidade e do nome

Maria era João.
Maria deve ser chamada para sempre de João?
Mas agora Maria é Maria!
Dos pés a cabeça mulher.
E João?
Quem era João não sofre mais!
Deve ser feito um atestado de óbito de João?
Ora, meu bom Juiz...
João foi só engano!
Maria foi sempre Maria.
Só o nome que colocaram errado...
Só o sexo que veio trocado...
É que quando a gente nasce a gente ainda não sabe como é...
E se aos dezoito eu posso mudar de nome
eu, você e quem quiser...
Ora... se João quisesse ser José ele podia...
Então por que não ser de uma vez por todas...
toda e somente Maria?
E se meus argumentos não lhe convencem...
Sei que em situação vexatória todos podem trocar de nome
sem limite de tempo e espaço...
sempre e em qualquer ocasião...
Agora... me diga maior vexame
do que uma mulher tão bonita...
ter o nome de João?!

domingo, 5 de abril de 2009

Cena.
Pega a bolsa
amarra a sandália
segura a chave
Nunca iria embora
Queria um abraço
mas não sabe bem pedir essas coisas.
Desamarra a sandália.
Devolve a bolsa.
Senta ao lado.
Fala bobagens.
Fala bobagens.
Muitas bobagens.
Ouve a razão.
Sabe seus deslizes.
Chega mais perto.
Não mais duvida de si.
Abraça, abraça, abraça
Coisas que não precisa saber pedir...
Descança a cabeça no ombro
Ombro amigo
Peito vasto
Escuta o coração
Bumbo forte
Respiração lenta
Os olhos fecham
As mãos param
O bumbo acalma
A cabeça pesa
Os corpos unem
Esquentam
Encaixam
O sono invade
O sonho é bom
O sol nasce onde levanta
e se põe onde dorme
O sol é uma criança
dorme doze horas por dia
Na noite a mãe, lua de fases
é prateada e não ofusca
as estrelas
As mães sabem dividir
o brilho.
Conheço olhos de cachorros
De gatos
Mas nunca me detive assim por tanto tempo
nos olhos de outro animal
que não fosse homem
Li um livro em que o cachorro
tinha um olhar quase superior
Era um livro desses de fantasia
O cachorro guardava um homem dentro de si
Hoje vi os olhos de um cavalo
Como são expressivos
quase melancólicos
enormes, cílios enormes
Que mistérios guarda um cavalo
Para ter tamanhos olhos?
A mulher que a gente ama
Sempre que já não nos ama
Ganha o nome de puta.
Se a colocarmos no lugar de santa
É que amor há muito tempo já não existe.
Pensamos que não
Que é uma ofensa
Quase repudio.
Mas respeitamos as putas, é verdade
É uma reverência quase infantil.
Aquelas que são donas da lasciva
Aquelas que nunca serão nossas
Quem pensa que não, não sabe do que estou falando.
As putas sabem dar-se sem tanto apego
As putas nos amam mais que as santas
porque nos amam com desejo.
É o amor de uma puta que o homem
abandonada procura.
E isso diz a sua amada...
Como um homem abandonado sofre...
As putas até nos dão medo.
Mas se a mulher que não te ama
Seja santa ou puta quer ir embora
Deixa, meu amigo...
Mulher não fica bem triste.
Seja puta ou seja santa
Só é sua quando quer.

Personagens

Quando uma atriz morre...
Morrem quantas almas?
Essa coisa de emprestar o corpo
é tão curiosa
O corte de cabelo é dela
Da outra
O jeito de mexer no cabelo é dela
Da outra
Mas a boca, o nariz, os olhos
São todos seus
Dando espaço para que nasça a outra
Sendo artista o homem é
capaz de dar a luz
Nós mulheres,
nós somos todas artistas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Chorava baixo.
Angústia tremula.
Palavras frias.

Vai mais rápido, vai!
Chega logo.

Olhava longe.
Se questionava.
Abria a porta?
Ou se jogava?

Vai mais rápido, vai!
Vrum, vrummmm!!!

Chegaram.
Ela e ele.
Ele e o sorriso ansiolitico.
Ela e a calma mentida.
Ela e a calma desmedida
que em breve
muito breve
transbordaria.
A soada no piso de madeira não disfarçava. Ela acabara de chegar em casa. Depois de buzinar, entrou sem dar bom dia. O salto batendo na madeira não evitava ser incoveniente. Não se arrependia de acordar aqueles que ainda dormiam.
Páginas em branco.
Branco em páginas.
As palavras as vezes se lançam...
as vezes simplesmente se apagam.

O Mundo

Fugir para o mundo. O mundo é tão grande. Mas nunca se livraria da sua "carapuça".
Onde estavam os dias?
Eram só horas lentas que
nem ficavam, nem passavam
por pouco sequer existiam

quarta-feira, 1 de abril de 2009

foto

agora a gente finge que não foi bom
a gente inventa uma desculpa
a gente cresce e se movimenta
a gente deixa de ser aquela imagem estática
do que podia ter sido perfeito
a gente deixa de ser perfeito
a gente deixa de se coisificar
eu e voce numa foto
a foto no porta-retrato
um eterno que descança
em alguma gaveta.
em algum lugar inventado.
em algum lugar onde dorme um sono pesado.
sem sonhos...
Minhas pupilas mentem
eu sempre amei de verdade
Mas tenho dificuldade de deixa-las abertas,
assim,
na luz do dia.
ou na luz dos teus olhos.
é fato
vem escrito no jornal
é dia da mentira
é dia da mentira
é dia da mentira
o jornal as vezes mente.
Um riso colorido
para que duvidar
da felicidade?