quarta-feira, 13 de maio de 2009

Tudo a parte

Quando Joana disse que agora queria ser só minha amiga eu estranhei. Amizade de homem e mulher é coisa tão delicada. Eu não aguentaria ver a boca de Joana falando bobagens carnudas sem me atrever a aproximar as respostas. Não necessariamente beija-la, mas quem sabe ficar bem perto, a segundos de distancia, para que ela, então, sussurrasse. Amigos.
E fomos nós, descendo as ruas, sem mãos dadas. Joana não divagava como de costume, respirava ofegante, parecia ansiosa.
Você é mesmo meu amigo?
Se você quer assim Joana, como você quiser eu sou...
Não era da minha vontade essas restrições do amor branco... mas se preferes...
Então, se posso confiar em você, não posso...
Se queres... o que quer dizer?
Você me acha bonita?
Não quis mentir. Singela. Bonita de capa de revista ela não era...
A mais bonita do mundo.
Você acha mesmo?
Não. Tinha Martinha que tinha um jeito de olhar... E tinha Luzia que parecia flutuar... e tinha... Amanda com aquela bunda e Gabriela com aquelas pernas...
Acho. A mais bonita do mundo.
Eu não acredito mais em nada... em nada.
Não entendia o que estava acontecendo ali... Olhava para o céu escuro, para os olhos turvos de Joana, olhava para o céu caindo, os olhos reflexos de Joana.
Vamos juntos, Joana, um dia passa.
Deram-se as mãos. Mas ali não era seguro.

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