quarta-feira, 20 de maio de 2009

A lenda do abaeté (versão1)

"No abaeté tem uma lagoa escura."


Dorival corria nas areias alvas que faziam moldura para lagoa de Itapoã. Descia rolando nas terras brancas e caia na agua gelada, alma da chuva e dos rios , se arrepiando todo.
Olhava as lavadeiras, moças bonitas e coloridas, roupas limpas, braços fortes... se apaixonou.
Eis que um dia, correu a notícia que Maricotinha, sua pequena, tinha sido levada pela lagoa, engolida pelo redemoinho e puxada para bem fundo das águas escuras.
Desesperado Dorival correu até o terreiro e ajoelhou-se defronte Mãe Menininha implorando que lhe ajudasse a recuperar Maricotinha.
- Oxum. Peça para Oxum devolver sua amada.
No sábado, dia de Oxum, de peito liso e calça branca,capoeira, gritou alto, ressonando por toda Salvador: Erieiê ô ! Erieiê ô ! Erieiê ô !
Se jogou nas águas pretas e afundou, afundou. A Lua namorava a lagoa, deu sorte. Já no fundo, perto da areia que não se toca, nem com os pés, viu flutuando Maricotinha.
Com as flores amarelas, os espelhos e a champagne clamou para Oxum que deixasse levar de volta sua amada.
Oxum, porém, pediu algo a mais em troca.
Nove meses depois Dorival se jogou nas águas com seu primogénito no colo.
- Eis ele, Oxum. Me devolveu a amada e prometera que cuidaria do parto e o fez. É um menino bem grande e é seu.
Oxum pegou o infante no colo, sorriu e decretou.
- És homem honrado. A partir de hoje a lagoa se chama Abaeté. Toma teu filho de volta. Em troca quero que fundes uma festa, que me tragam oferendas e que leve a Bahia na voz, que será mais forte que trovão.
Dorival emocionado voltou e cumpriu todas as promessas.



*Abaeté em tupi é homem honrado.

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